terça-feira, 6 de setembro de 2011

"Dia do Sexo?"


Hoje é comemorado "comercialmente" o dia do Sexo, porém havemos de pensar, que o sexo especialmente nos dias de hoje virou um produto lucrativo, e pior o ser humano virou produto na rede do sexo mercantil. Alguns que dizem conscientizar sobre a sexualidade acabam por difundir e divulgar  o sexo mercantil, permissivo, "moderno", instintivo, banal (lamentável). Sexo virou piada,  virou notícia (midiatizada), ideologicamente camuflada, para ganhar dinheiro, ou para conseguir mais parceiros. Inúmeros sites da rede, sobrevivem às custas do sexo. O dia do sexo foi criado, em 2008, a partir de uma ação de marketing dos preservativos Olla e da agência Age. Mas, enfim o post de hoje é apenas para ressaltar como fizemos em 2010, que sexo é maravilhoso, porém, a mídia atendendo aos anseios da sociedade tem disseminado discursos que contribuem para a vivência quantitativa da sexualidade e, e assim desumanizando os laços afetivos das relações.
O sexo é parte integrante e fundamental da vivência da ativa da nossa sexualidade, embora as pessoas equivocadamente reduzam a sexualidade ao sexo. E o ato sexual é apenas uma das formas de sentirmos prazer, diga, essencial.
A vivência qualitativa, afetiva, emancipatória, consciente e responsável do sexo é essencial para melhorar nossa disposição física e mental para encararmos as demandas da vida com maior "leveza". Sexo faz bem à pele, à auto-estima, ajuda a rejuvenescer, nos motiva a viver, faz o sangue correr, o coração pulsar,  nos deixa mais felizes e conseqüentemente mais saudáveis.
Durante muito tempo o sexo, especialmente para o gênero feminino estava condicionado reducionistamente à reprodução, sem conotação com o prazer. Hoje, avançamos nesse sentido por um lado, conquistando o direito e especialmente se permitindo sentir prazer. Mas, precisamos ressaltar que por outro lado, o Sexo está cada dia mais banalizado, mercantilizado, mecanizado. Ainda hoje, como aponta o autor francês Lepovitsky não encontramos o equilíbrio para a vivência plena e saudável da sexualidade. Ou as pessoas vivem ainda o sexo de uma maneira reprimida ou então exacerbada, instintiva e quantitativa.
Sexo é vida, é prazer, mas consideramos que para ser signiticativo de fato, não deve ser vivido como apenas instintivamente, mas envolto de afetividade (carinho), admiração e erotismo.

Ressaltando que, o sexo pelo sexo é  um prazer finito (momentâneo), a busca da satisfação carnal, de uma necessidade de esvaziamento físico, como já apontamos em algum outro momento. E que erotismo não é essa pornografia vulgar. O erotismo é o que mantêm acesa a chama do desejo dentro de um relacionamento afetivo-sexual e que estende o prazer homérico momentâneo para a vida, transformando-o em energia, disposição.

Que possamos nos permitir sentir e dar prazer, sem dogmas, tabus e preconceitos, e que consigamos vivenciar o sexo na sua plenitude, de uma forma que supere a genitalidade e o mero instinto, para que o prazer sexual, se transforme em bem-estar.

Sexo é dialético, tem que ser doce e voraz, humano e selvagem, instinto e afeto, mas sempre de maneira conjunta, dialeticamente ligados e vividos sempre num clima de erotismo e cumplicidade.
 Cabe nesse conscientizarmos as pessoas que é fundamental, que o sexo seja seguro, pois temos cada dia mais agravante o índice de pessoas contaminadas pela Aids, entre outras DSTs.

Para finalizar o post de hoje vou deixar um texto de Luiz Fernando Veríssimo, intitulado “DAR NÃO É FAZER AMOR”, onde podemos refletir, que o sexo pelo sexo pode sim ser muito prazeroso, mas que é um prazer momentâneo, que esvazia a necessidade instintiva, biológica, física, que depois pode ir nos tornando vazios também. Já fazer amor, é algo que estende o prazer do sexo para a vida. Há relatos de pessoas que dizem que o sexo pelo sexo foi maravilhoso na hora, mas que quando acabou não via a hora do outro ir embora, que sentia vazio, depois do que o tesão acabava. Agora quando o sexo estava associado de alguma forma ao carinho, à algum afeto, mesmo após o sexo, se sentiam cheios de energia, de vida, de uma sensação de crescimento, de ganho, de bem-estar. Enfim, cabe a cada um refletir...

“Dar é dar.

Fazer amor é lindo, é sublime, é encantador, é esplêndido.
Mas dar é bom pra cacete.
Dar é aquela coisa que alguém te puxa os cabelos da nuca…

Te chama de nomes que eu não escreveria…
Não te vira com delicadeza…
Não sente vergonha de ritmos animais.
Dar é bom.

Melhor do que dar, só dar por dar.
Dar sem querer casar….
Sem querer apresentar pra mãe…
Sem querer dar o primeiro abraço no Ano Novo.

Dar porque o cara te esquenta a coluna vertebral…
Te amolece o gingado…
Te molha o instinto.

Dar porque a vida é estressante e dar relaxa.
Dar porque se você não der para ele hoje, vai dar amanhã, ou depois de amanhã.
Tem pessoas que você vai acabar dando, não tem jeito.
Dar sem esperar ouvir promessas, sem esperar ouvir carinhos, sem esperar ouvir futuro.

Dar é bom, na hora.
Durante um mês.
Para os mais desavisados, talvez anos.
Mas dar é dar demais e ficar vazio.
Dar é não ganhar.

É não ganhar um eu te amo baixinho perdido no meio do escuro.
É não ganhar uma mão no ombro quando o caos da cidade parece querer te abduzir.
É não ter alguém pra querer casar, para apresentar pra mãe, pra dar o primeiro abraço de Ano Novo e pra falar:
“Que que cê acha amor?”.

É não ter companhia garantida para viajar.
É não ter para quem ligar quando recebe uma boa notícia.
Dar é não querer dormir encaixadinho…
É não ter alguém para ouvir seus dengos…

Mas dar é inevitável, dê mesmo, dê sempre, dê muito.
Mas dê mais ainda, muito mais do que qualquer coisa, uma chance ao amor.
Esse sim é o maior tesão.
Esse sim relaxa, cura o mau humor, ameniza todas as crises e faz você flutuar.”
Vou reproduzir abaixo um post que publiquei também no ano passado: AMOR E SEXO: quem disse que tem que ser uma coisa ou outra? Bom, mesmo é quando é tudo junto e misturado.  

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