segunda-feira, 29 de agosto de 2011

FRAGMENTAÇÕES DO SENTIR: AMOR e SEXO? CORPO e MENTE? INSTINTO e SUBJETIVIDADE?


"Muitos separam amor e sexo, amor e erotismo, corpo x mente, corpo  x subjetividade. Mas esquecem-se que essas dicotomias podem ser sócio-histórica-culturais. Pois, é no corpo que amor se corporifica, é no interior do "corpo" que a subjetividade se encontra. Esse corpo fragmentando e separado da subjetividade é uma construção que tende a desumanizar a sexualidade, uma visão meramente biológica. Quem é sensorial (sente) e a sensação é subjetiva.
 O erotismo se corporifica no corpo, se concretiza neste jogo de corpos, que são a inteireza de uma pessoa e não apenas uma parte amputada, separada. Quem sente, sente e. O instinto inicia o processo erótico, mas este é "IN CORPORADO", sentido, materializado no corpo físico e, subjetivo. Não se sente com as genitálias. Já pararam para pensar nisto?
 Sente-se prazer com a mente (psiquê). Caio F. Nosso maior e mais potente orgão sexual é a mente, já afirmei isso na tese, no livro e volto a afirmar. Você goza com a sua "mente", e então o gozo se corporeifica, se a mente não estiver entregue nenhuma genitália sente prazer. Exatamente porque não somos fragmentos, e sim um todo, um todo subjetivo, sensorial que corporifica o erotismo e o prazer.
Sentir ultrapassa essa dualidade, essa dicotomia de corpo e mente, de amor  e sexo, de instinto e subjetividade. O corpo sente e expressa a subjetividade humana, os instintos , as manifestações inconscientes, os sentidos, as sensações, as percepções, a vida pulsando, a sexualidade se desenvolvendo, pulsando."
 (Cláudia Bonfim)
E a escola também fragmenta corpo e mente como já apontamos em outro post porém, ao fazer isso esquece-se que "a corporeidade é constituída de várias dimensões: 
- Física que engloba a estrutura orgânica, biofísica, motora que organiza todas as dimensões do ser humano. - Emocional-afetiva que envolve instinto, pulsão, afeto. 
- Mental/Espiritual constituindo-se do cognitivo, racionalidade, pensamento, ideias, consciência.
-Sócio-histórica-cultural que são os valores, hábitos, costumes.
Como já afirmou FREIRE, " a escola deveria ensinar as pessoas a perceber seus próprios sentidos".
 Falando em sensorialidades eu gosto muito deste texto do Caio F. sobre o amor e a sensorialidades:
"E se realmente gostarem? Se o toque do outro de repente for bom? Bom, a palavra é essa. Se o outro for bom para você. Se te der vontade de viver. Se o cheiro do suor do outro também for bom. Se todos os cheiros do corpo do outro forem bons. O pé, no fim do dia. A boca, de manhã cedo. Bons, normais, comuns. Coisa de gente. Cheiros íntimos, secretos. Ninguém mais saberia deles se não enfiasse o nariz lá dentro, a língua lá dentro, bem dentro, no fundo das carnes, no meio dos cheiros. E se tudo isso que você acha nojento for exatamente o que chamam de amor? Quando você chega no mais íntimo, No tão íntimo, mas tão íntimo que de repente a palavra nojo não tem mais sentido. Você também tem cheiros. As pessoas têm cheiros, é natural. Os animais cheiram uns aos outros. No rabo. O que é que você queria? Rendas brancas imaculadas? Será que amor não começa quando nojo, higiene ou qualquer outra dessas palavrinhas, desculpe, você vai rir, qualquer uma dessas palavrinhas burguesas e cristãs não tiver mais nenhum sentido? Se tudo isso, se tocar no outro, se não só tolerar e aceitar a merda do outro, mas não dar importância a ela ou até gostar, porque de repente você até pode gostar, sem que isso seja necessariamente uma perversão, se tudo isso for o que chamam de amor. Amor no sentido de intimidade, de conhecimento muito, muito fundo. Da pobreza e também da nobreza do corpo do outro. Do teu próprio corpo que é igual, talvez tragicamente igual. O amor só acontece quando uma pessoa aceita que também é bicho. Se amor for a coragem de ser bicho. Se amor for a coragem da própria merda. E depois, um instante mais tarde, isso nem sequer será coragem nenhuma, porque deixou de ter importância. O que vale é ter conhecido o corpo de outra pessoa tão intimamente como você só conhece o seu próprio corpo. Porque então você se ama também." (CAIO FERNANDO ABREU)

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Você também pode gostar de:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...