quinta-feira, 25 de novembro de 2010

25 DE NOVEMBRO DIA INTERNACIONAL DE COMBATE Á VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER


 


Em 25 de Novembro de 1981,  em Bogotaá, Colômbia , ocorreu o Primeiro Encontro Feminista Latino-americano e do Caribe realizado em homenagem às irmãs Mirabal, conhecidas como Las Mariposas, que  foram brutalmente assassinadas pelo ditador Trujillo em 25 de novembro de 1960 na República Dominicana, quando estas retornavam de Puerto Plata, onde seus maridos estavam presos. As irmãs foram detidas na estrada e assassinadas por agentes militares, que simularam um acidente.

Como já apontamos, num artigo comemorativo ao Dia Internacional da mulher, datas como estas,  simbolizam a busca de igualdade social entre homens e mulheres, em que as diferenças biológicas sejam respeitadas, mas que elas não sirvam de pretexto para subordinar e inferiorizar a mulher.

No Brasil só em 1932 é que o Governo de Getúlio Vargas promulgou o Código Eleitoral através de um Decreto, garantindo finalmente o direito de voto às mulheres brasileiras; mas apenas o direito ao voto não alteraria a condição feminina se a mulher não modificasse sua própria consciência. Porque a libertação da mulher exige mudanças em âmbitos não apenas políticos, mas econômicos e sociais, a libertação da mulher não pode tão-só representar um problema de gênero mas, sobretudo, é uma questão de classe.  

 Ainda hoje, sofremos preconceitos e exploração, sofremos todo tipo de violêcia: físicas, emocionais, simbólicas. Um exemplo é a exploração e mercantilização do corpo das mulheres crescem na globalização, mas são expressões antigas e atuais da opressão e exploração das mulheres. No Brasil, esta problemática foi vivida, sobretudo, pelas mulheres negras e pobres, desde o período colonial, mantendo-se até os dias de hoje. A imagem do corpo da mulher associada à venda de mercadorias reproduz, no plano simbólico, a idéia de que o corpo das mulheres pode ser mercantilizado.



Em relação a vivência da sexualidade,nossa luta ainda é para que toda mulher tem direito à liberdade sexual, à autonomia reprodutiva e autodeterminação sobre seu corpo. As mulheres, de maneira geral ainda são as mais sacrificadas e, por muito tempo, foram castradas em seu desejo sexual, como se este o desejo fosse um exclusivo direito masculino. As mulheres orientais até hoje sofrem castração do hímen quando ainda mocinhas pelos seus pais, sem ter direito a sentir prazer, apenas proporcionar, ou seja tornam-se propriedade e objeto dos maridos. Ainda hoje, as mulheres são inferiorizadas e vistas como objetos, no entanto as mulheres assim como os homens têm desejos, sentimentos, sonhos, vontades, necessidades e direito de dizer sim ou não, mulheres assim como homens não são propriedade privada nem objeto, nem mercadoria, são seres humanos.

Nossa luta dever ser: pelo fim da mercantilização do corpo das mulheres; pelo fim da exploração sobre a sexualidade das mulheres; pela defesa dos serviços públicos de qualidade: creches, escolas e serviços de assistência à saúde; por serviços especializados no atendimento à mulher. 
No Brasil, só em 1985, é que surge a primeira Delegacia de Atendimento Especializado à Mulher - DEAM, em São Paulo. A violência contra as mulheres aumenta a cada dia e a maioria dos municípios ainda não possuem um atendimento especializado para as mulheres.



 

A Lei denominada Maria da Penha, Lei nº 11.340/06, simbolizou inicialmente, uma  importante conquista para a as mulheres brasileiras. Lei que criou e estabeleceu mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra as mulheres, a sua criação cumpre também a determinação da convenção sobre a eliminação de todas as formas de discriminação contra as mulheres e da convenção Interamericana para prevenir , punir e erredicar a violência contra a mulher. Mas lamentavelmente os dados no Brasil os dados continuam alarmantes, uma em cada cinco brasileiras declara que já sofreu já algum tipo de violência. A cada 15 segundos uma mulher sofre espancamento por um homem, totalizando cerca de 2 milhões/ano.

O que vem mostrar, lamentavelmente, a não eficácia da  Lei Maria da Penha. Pois,como sempre dizemos não basta que se aprove uma Lei, o que é necessário é a conscientização social, o respeito aos direitos, à igualdade, e no mais é preciso um apoio de atendimento psicológico e jurídico às mulheres que denunciam suas agressões, assim  como construção de abrigos que possam por um tempo servir de proteção às vítimas de violência.
 Uma violência brutal que tem atingido mulheres de maneira geral, porém as mulheres das classes mais desfavorecidas, são as que mais sofrem agressões, especialmente as mulheres negras. O Dossiê Mulher 2010, do Rio de Janeiro, revelou uma  pesquisa que aponta  que as mulheres negras, são as maiores vítimas de violência no Brasil,  (55,2%) são vítimas de homicídio doloso (com intenção de matar,  (51%), sofrem tentativa de homicídio, e (52,1%) são vítimas de lesão corporal (52,1%), além do estupro e atentado violento ao pudor (54%). As mulheres brancas são as maiores vítimas apenas nos crimes de ameaça (50,2%). E o pior somente 2% dos agressores são penalizados por seus atos.
            Importante dizer, que nós mulheres precisamos participar mais e ativamente da vida política do nosso país. A política é uma das atividades mais importante para transformar a vida das mulheres, e da sociedade nós mulheres precisamos ainda aumentar nossa participação política para que possamos influir sobre os rumos da nossa comunidade, do nosso país, da nossa história.
 Ainda que os homens tenham maior força bruta, as mulheres têm mais energia, mais sensibilidade, têm uma visão mais geral das coisas e do mundo, têm intuição, percepção, tato, e mais disposição e enfrentamento da vida, da dor, do trabalho elas precisam apenas ter consciência de que se elas quiserem podem mudar sua realidade e o mundo.
 Como eu disse datas como estas não são exatamente de comemoração e sim, de reflexão!
 Pretende-se chamar a atenção para o papel e a dignidade da mulher e levar-nos a uma tomada de consciência do valor da pessoa, perceber o seu papel na sociedade, contestar e rever preconceitos e limitações que vêm sendo impostos à mulher.
 A mensagem final que eu deixo para minhas companheiras mulheres nesse dia é de resistência, de luta, de força e coragem, características que já estão em cada mulher e que em muitas delas precisam apenas ser afloradas.
 Espero que todas as mulheres tenham direito ao amor e ao prazer, sejam respeitadas em sua dignidade de mulher, e para isto eu digo: estudem, tenham sua autonomia, física, emocional e financeira. Só assim nos tornando independentes financeira e intelectualmente seremos capazes de dizer que somos realmente livres, respeitadas e com direitos iguais.
Ter renda própria é condição imprescindível para liberdade e autodeterminação das mulheres na vida adulta e na velhice. Estudar, adquirir autonomia de pensamento é sem dúvida também uma condição ímpar para essa libertação.
Enfim, desejo que todas as mulheres assim como todos os seres vivos tenham mais dignidade e respeito.
            Lutemos juntas pela igualdade de direitos, para que as diferenças culturais de gênero sejam superadas e tenhamos direito de ser mulher em nossa totalidade!

Meu abraço, minha admiração e respeito à todas as mulheres sensíveis e guerreiras, à todas as Marias trabalhadoras, mulheres resilientes deste Brasil, em especial à minha Mãe Cleuza, às minhas filhas Caroline e Beatriz e à todas as minhas amigas pessoais, alunas e companheiras de trabalho que são exemplos de luta e merecem ser respeitadas em sua totalidade, assim como todas as mulheres.
Profa. Dra. Cláudia Bonfim

 

Um comentário:

  1. Como você mesmo disse que sirva de reflexão, que está causa seja abraçada por homens e sobre tudo ''mulheres'' que avaliem melhor sua postura, ser mulher é representar toda uma classe e, que esta não seja máculada em função de algumas. ''O respeito é concedito a quem o cativa, respeite a si e não aceite oque não cabe a ti.''. Que os valores éticos e morais não sejam deturpados.
    Abraço afetuoso a todas as mulheres!!

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