sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Omissão e permissividade = Puberdade e erotização precoce


Continuando nossa reflexão sobre erotização e puberdade precoce, hoje vamos abordar alguns fatores que induzem a criança à erotização precoce, e à vivência precoce da sexualidade ativa, fruto de uma entrevista que concedemos à jornalista Nathália para o site da Revista Veja no início do mês de setembro.

Acreditamos que muitas vezes, os próprios pais, inconscientemente, condicionados pela mídia, pelo mercado da moda e pela indústria do sexo acabam por contribuir permissivamente, direta ou indiretamente para uma erotização precoce da criança.

Um exemplo visível disto, é forma como as crianças, especialmente as meninas se vestem desde crianças e na adolescência.

O uso de roupas que sensualizam precocemente o corpo da menina, expõe as crianças e adolescentes precocomente à vivência de uma vida sexual ativa, ao abuso moral e à violência sexual. O que traz implicações sociais e especialmente psicológicas graves à menina, que embora esteja vivenciando precocemente a puberdade ainda tem uma mentalidade infantil.

Existem questões sociais e familiares que devem ser ressaltadas para que possamos refletir criticamente sobre como, muitas vezes, somos omissos ou permissivos. Precisamos sair do papel de vítima da sociedade, e atentar para o fato de que ainda que o Estado e a mídia tenham sua parcela de responsabilidade, a mídia como já apontamos em um outro artigo, é apenas reflexo das expectativas da sociedade, é ressonância social.
A família precisa tomar para si a responsabilidade que lhe cabe, seu papel educativo, os pais são os responsáveis diretos pelos filhos e devem orientá-los, esclarecê-los, desenvolver nos filhos valores éticos para que sejam capazes de discernir conscientemente sobre suas escolhas e conseqüências e não se deixam seduzir pelos apelos midiáticos só para se sentir “moderninhos”, para que não cedam às pressões sociais, só para se tornar mais um membro da tribo “maria-vai-com-as-outras”, sem personalidade própria.
As meninas estão se maquiando cada vez mais cedo, este é outro fato que tem se tornado comum, entre as meninas e que devemos analisar criticamente de cinco, sete e até dois anos. Sabemos da necessidade que as meninas tem de referência materna, isto em todos os sentidos por isso cuidado mães, as filhas são nosso espelho. A maquiagem, se torna muitas vezes, o prolongamento do ego da menina. Quando a menina usa maquiagem e mãe e a família declaram: “como ficou linda”, acabam por acentuar e permitir que na criança a idéia de que, se maquiar a torna mais bonita e mais completa.

Ainda precisamos atentar para o fato que, a maquiagem induz ao risco também de uma “erotização precoce”, uma menina maquiada torna-se mais sensual e mais exposta à sedução, imagine então, uma menina que já vive uma puberdade precoce, ao 8 anos, já com o corpo se desenvolvendo precocemente, usando uma roupa sensual (miniatura da roupa da mulher adulta) e sandálias de salto alto, pois como já apontei anteriormente, hoje nas lojas não se acha roupa e sapatos para criança, e sim roupas e sapatos de mulher adulta miniaturizados, e ainda fazendo uso de maquiagem, eis ai uma vítima inconsciente, exposta aos olhares de pedófilos e ao desejo instintivo.

Portanto, os pais devem entender que tudo que se torna socialmente aceitável para a criança está no imaginário dos pais. A criança ainda não adquiriu o discernimento necessário para saber o que de fato pode ser bom ou ruim, e isto ela só vai adquirir se for orientada adequadamente, a criança ainda está construindo sua identidade, e com a omissão ou permissividade dos pais fica exposta aos apelos publicitários e à “onda moderna” da sociedade.

Outra questão difícil de ser lidada é pressão vivido pela garota, que passa a sofrer discriminação. Por ser diferente das amigas, ela pode acabar sendo excluída do grupo. Aquelas que se desenvolvem precocemente tendem a se tornar mais retraídas.

 Faz-se necessário ainda alertamos que mesmo que a maquiagem seja vista pelas pessoas éticas como algo inofensivo, inocente, por parte da criança e assim deveria ser, devemos lembrar que, muitos pais vêem as crianças e especialmente os próprios filhos como seres assexuados. Porém, os pedófilos não enxergam apenas uma criança de batom e blush e com uma roupinha da moda. Enxergam um corpo erótico e não se importam se este corpo erótico é de uma criança, ou seja, isso não é condição “sine qua non”, a sensualização do corpo da criança vai despertar ainda mais o desejo do pedófilo, pois para aqueles que possuem uma personalidade pervertida, isso significa apenas mais um estímulo.

Cada vez mais cedo as meninas cada criam a fantasia de ser uma mulher madura, por não conseguirem entender que cada fase tem suas belezas e potencialidades. Devemos entender que ainda por mais que tenham desenvolvido precocemente um “corpo de mulher adulta”, não têm maturidade para não ceder e se defender dos assédios e abusos sexuais. E a erotização precoce oferece um estímulo à esses assédios.

E lembrando Freud, outro fator fundamental a ser lembrado é que faz-se necessário que completemos cada fase de nossa vida, portant antecipar a puberdade, a erotização e a vida sexual ativa, acarreta prejuízos psicológicos graves, pois não conseguimos atingir a maturidade psicológica necessária para vivermos a fase seguinte, por queimarmos etapas essenciais para o desenvolvimento saudável da criança, bem como não estabelecendo que cada fase da vida tem suas possibilidades e limites que devem ser respeitados e vividos plenamente. Estimular a vaidade excessiva e precoce da criança pode nos custar muito caro, pois a maior vítima dessa permissividade ou omissão são nossos próprios filhos.

E quando a professora diz que não é saudável a criança se maquiar, muitos pais permissivos criticam-na. E algumas mães que não deixam as filhas se maquiarem são denominadas de chatas pelas filhas, que induzidas pelo grupo social e pela publicidade acreditam que podem fazer o que querem e que isso é moderno e aceitável.

Não podemos esquecer que vivemos numa sociedade capitalista, mercantil que incita ao consumismo no qual as crianças, são as maiores vítimas, por ser o clientes mais fáceis de seduzir.

Outro fator de erotização precoce são as “músicas” que nada tem de sensuais, que são extremamente vulgares como o funk, o ritmo pode ser alucinante, mas a maioria deles com letras que depreciam a imagem feminina, que vulgarizam o corpo, que induzem á uma erotização precoce e à vivência de uma sexualidade ativa e contribuem para uma visão reducionista, banal, genitalista e quantitativa da sexualidade. Porém, muitas crianças crescem ouvindo e vendo os próprios pais condicionados por esses sons. E reproduzem o que ouvem e visualizam, sem o discernimento necessário, muitas vezes, sem ter idéia real do que representam.

Proibir nunca deve ser a palavra de ordem em nenhuma fase da vida, a ordem é CONSCIENTIZAÇÃO, ORIENTAÇÃO. Não é proibindo que se educa, é esclarecendo, dialogando, e lembrem-se o convencimento se dá não por palavras, mas por atitudes, exemplos práticos, atos. Não adianta pensar que a criança que não sabe distinguir aquela frase: “faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço”. Temos que ser coerentes, e coerência parafraseando o educador Paulo Freire “é a menor distância possível entre aquilo que eu penso, aquilo que eu falo e aquilo que eu faço.”

Como já apontamos em outros artigos e falas, há que se ter autoridade perante os filhos e não poder. Autoridade implica em respeito e imposição em medo. Autoridade se conquista pelo diálogo e pelo exemplo. lei, proibição e coerção são quase inúteis, em todos os sentidos sociais, a conscientização crítica se dá a partir do estabelecimento de um diálogo aberto e respeitoso, por isso, mais do autoritarismo, leis e códigos, precisamos formar valores éticos.

Quem respeita a autoridade dos pais, age da mesma forma perto e longe deles. Quem tem medo dos pais age de uma forma na frente deles e longe deles age completamente diferente. Autoritarismo gera medo, autoridade gera respeito. Autoritarismo pode gerar o fim precoce da infância, a omissão e a permissividade podem ter como efeitos colaterais a puberdade e a erotização precoce, ou seja um amadurecimento precoce físico, mas não psicológico.

Crianças e adolescentes precisamos aprender a dialogar, a ouvir e serem ouvidas, tem que ter direito a explicações e a explicarem, devem ser respeitadas e compreendidas. Respeito é uma via de mão dupla, tem quer ser mútuo, recíproco. O amadurecimento se dá pelo diálogo e por uma relação pautada na confiança e no respeito. Dessa forma, seus filhos se sentirão à vontade para esclarecer qualquer dúvida e aflições e contarem o que se passa com eles.

Não é fácil atingir o equilíbrio e saber dosar entre o que pode ser lúdico e saudável e o que acentua uma erotização precoce e estimula a vaidade exacerbada. Por isso, a necessidade dos pais e educadores conhecerem como se desenvolve a sexualidade humana e especialmente as fases do desenvolvimento infantil. Mas sobre isso abordaremos num próximo post. Abraços!

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