sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Prazeres Agressivos: Sadismo e Masoquismo

Dominatrix - Imagem associada ao sadismo 


Hoje vamos abordar os denominados Prazeres Agressivos, entre eles: o Sadismo e o Masoquismo.
 O Sadismo é considerado uma parafilia (perversão ou anormalidade). A terminologia surge do nome do Marquês de Sade (escritor e filósofo francês Donatien Alphonse François de Sade),  o prazer advém da dominação e sofrimento que provocam à alguém, através de dor física ou emocional (psicológica), incluindo a humilhação do parceiro. Importante destacar que nem sempre  é uma simulação agressiva, o sadismo geralmente envolve o real sofrimento alheio. Porém, há pessoas que tem o sadismo apenas com uma fantasia erótica, simulando a dominação da vítima e seu sofrimento.
 Há ainda aqueles que se dizem parte do grupo que praticam o que denomina-se de Sadismo Seguro representada pelos termos SM (Sadismo e Masoquismo) e BDSM (Bondage, Dominação, Sadismo e Masoquismo), esse grupo aponta que o sadismo se encontra como uma prática segura, por ser realizado de comum acordo entre as partes envolvidas no ato. A comunidade BDSM usa o lema SSC, que significa "são, seguro e consensual".
Existem pessoas que compartilham seus desejos sádicos com parceiros masoquistas, que sentem prazer (ou ao menos consentem) em sofrer dor ou humilhação. Este tipo de prática, onde os dois desejos se complementam, é denominado Sadomasoquismo.  Mas, há casos que colocam em prática seus desejos sexuais sádicos mesmo sem o consentimento das vítimas.  Como fetiche a roupagem do sadismo seria  a da dominatrix de máscara e espartilho de couro ou borracha, empunhando um chicote e gritando impropérios.
 Importante diferenciar que, quando Sadismo é uma prática, e não apenas uma fantasia, ou seja, uma simulação. Embora sejam confunddidos, o que os diferencia é a intenção. Enquanto ao fetichista, o prazer se dá na simulação e no uso da indumentária. Ao sadista, o que dá prazer é a prática real através do domínio e sofrimento que causa em seus parceiros, seja através da tortura psicológica ou física.
 Cabe ressaltar que, é relativamente recente a atual dissociação  entre o termos sadismo e o masoquismo pela psicanálise. No geral, os teóricos e psicanalistas acreditam que se trata de tendências distintas, apontando que numa relação sadista, tendo em vista que o objetivo da mesma é satisfazer os desejos do sádico, e quando envolve um masoquista a satisfação de ambos. Geralmente apenas um dos envolvidos é sádico e que esta relação pode envolver diversas pessoas, e nem sempre há um masoquista no grupo.  
A origem dessas parafilias, em geral, se dão na infância, quando a criança sofre agressões físicas ou emocionais e na fase adulta tende a ser ele o causador da dor para de alguma forma compensar seu sofrimento, embora inconscientemente, no caso do sadismo, ou por ter se habituado a sentir dor, esta transformou-se em um prazer condicionado e consentido no caso do masoquismo.
 Geralmente o sadismo sexual é um problema crônico. Que quando cometido especialmente sem o consentimento da vítima tende ser repetitivo e em alguns casos a intensidade e gravidade dos atos sádicos tendem a aumentar no decorrer do tempo, caso a pessoa não tenha um acompanhamento psicoterápico.  
 Lins e Braga (2005) apontam que o sadismo pode apresentar extremo perigo, pois em alguns casos pode haver um desvio de conduta podendo a chegar ao homicídio.
 Um exemplo de um comportamento extremista do sadismo envolvendo o canibalismo, numa prática de sadomasoquismo, ocorreu em março de 2001, quando o sádico alemão Armin Meiwes, anunciou pela internet que queria candidatos à ser assassinatos e canibalizados. ela internet, e encontrou uma vítima que consentiu o crime, Bernd Jürgen Armando Brandes que permitiu que o mesmo o assinasse e comesse. Segundo depoimento de Meiwes ele, à pedido da vítima, amputou seu pênis e os dois comeram juntos antes dele morrer. Ainda relatou que,  Brandes insistiu que ele arrancasse seu pênis a dentadas, mas que ele teria usado uma faca.  O corpo da vítima consentida foi mantido no freezer e Meiwes teria se alimentado por meses da carne, chegando a ingerir cerca de 20kg do cadáver.
 Já o Masoquismo, seria o prazer em sentir dor ou ser dominado por outra pessoa. Por isso, se denonima masoquistas aquelas pessoas que gostam de sofrer. A terminologia também advém do nome do austríaco Leopold von Sacher-Masoch, escritor do romance “A Vênus das peles”, no qual descreve os desejos de dominação e dor do protagonista.
 Diferente do sádico, o masoquista ao sentir medo, dor, ou ser humilhado consegue chegar ao orgasmo. Ou seja, o masoquismo refere-se ao prazer sexual relacionado com o desejo de sentir dor no corpo, ou mesmo de imaginar situações em que esteja sendo submetido à a humilhação e dominação, e em alguns casos o prazer deriva-se  de uma situação de inferioridade perante o parceiro sexual e não da dor.
 Cabe dizer que, em ambos os casos: sádicos ou masoquistas, o ideal é procurar uma ajuda psicoterápica adequada, pois a sexualidade deve ser um ato humanizado e afetivo e não um ato de agressividade e violência, seja esta consentida ou não.
 O prazer tem que se dar pelo toque amoroso, ainda que outrora mais selvagem, mas sempre pautado no carinho e numa relação de respeito e admiração, nunca de humilhação e sofrimento seja físico ou emocional.
 Até o próximo post!
Referência:
LINS, Regina Navarro e BRAGA, Flávio. O Livro de Ouro do Sexo. Rio de Janeiro: Ediouro, 2005.

 

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

DIA MUNDIAL DA SAÚDE SEXUAL

 Merece registro!
Associação Mundial para Saúde Sexual ( WAS) em comemoração ao DIA MUNDIAL DE SÁUDE SEXUAL, dia 4 de setembro, fará atividades no Brasil, nas cidades de Porto Alegre, Rio de Janeiro e São Paulo.
As atividades são com Entrada Franca . Todos estão convidados participar para discutir o slogan de 2010 que no Brasil é "SAÚDE SEXUAL PARA TODOS".
A WAS no seu web site www.worldsexualhealth.org disponibiliza em espanhol e inglês a "DECLARAÇÃO DO MILLENIUM" com os tópicos mais importantes do slogan de 2010.
A Coordenação Geral para o Brasil desse evento da WAS é da médica Jaqueline Brendler, sendo que na cidade do Rio de Janeiro a Coordenadoria local é da psicóloga Sheila Reis e na cidade de São Paulo do psicólogo Ralmer N Rigoletto.
 
***PORTO ALEGRE.
 "SAÚDE SEXUAL PARA TODOS".
 Dia 2-09-2010. Auditório da Livraria Cultura de Porto Alegre. Bourbon Shopping Iguatemi.
Horário: 19h30 - 21h30 min. 
Palestrantes.
            Iara L.Camaratta Anton
Psicóloga, escritora, Presidente da Sociedade de Psicologia do RGS.
* Jaqueline Brendler
Ginecologista, Sexóloga, Comitê executivo da World Association for Sexual Health (WAS).

* Rubia Abs da Cruz.

Advogada, Diretora da THEMIS, Direitos sexuais e de gênero.

Coordenação :Dra. Jaqueline Brendler.
**** RIO DE JANEIRO.
"SAÚDE SEXUAL PARA TODOS".
2-09-2010 - Auditrório do Centro cultural da Sociedade dos Engenheiros e Arquitetos do Estado do RJ. 
Rua Russel, nº 1, Glória - 19 horas.
Responsável pelo evento da WAS no Rio de Janeiro: Sheila Reis.

Palestrantes.
* Profª. Drª. Jane Russo.
Antropóloga - Professora do Instituto de Medicina
Social da UERJ / Coordenadora de Publicação do Centro LatinoAmericano em Sexualidade e Direitos humanos/ CLAM

     * Dr. Luiz Carlos Vasconcelos.
      Urologista / Sexólogo - Diretor da Clínica Urológica Vasconcelos
* Prof. Marcos Ribeiro 
Autor/ Consultor em Educação Sexual e Prevenção: Min. da Saúde e da Educação, UNESCO, 
Fundação Roberto Marinho / Comendador com a Medalha Tiradentes (ALERJ).

    * Prof. Dr. Paulo Roberto Canella - Ginecologista / Sexólogo - Professor 
                  Titular da UFRJ .
 Coordenadora : Profª. Drª. Maria Luiza M. de Araújo.
           Psicóloga / Mestre em   Psicologia, Doutora em Filosofia, 
           Presidente da Sociedade Brasileira de Estudos   em Sexualidade Humana  
           SBRASH.
 
 *** SÃO PAULO
"SAÚDE SEXUAL PARA TODOS".
 4-09-2010 . Parque Ibirapuera das 9h - 17 horas.
Evento organizado em parceria com o CEPCoS - Centro de Estudos e Pesquisas em Comportamento e Sexualidade, sendo Ralmer N Rigoletto o responsável local.

Hora
Atividade
Responsável
09h00
Abertura Oficial
Psic. Esp. Ralmer RigolettoCEPCoS
09h30
Pop Rock Internacional
Emerson / Nathália
10h00
Saúde Sexual
Prof. Dr. Hugues Ribeiro
CEPCoS
10h30
Pop Rock Internacional
Emerson / Nathália
11h00
Saúde e Educação Sexual
Psic. Esp. Paula Napolitano
CEPCoS
11h30
Coral Santo Canto (MPB e POP)
Rosa Rosah
12h00
Saúde Sexual Feminina
Psic. Esp. Vânia Macedo
CEPCoS
12h30
Saúde Sexual Masculina
Dr. Edson Pazmiño Júnior
CIPPS – Venezuela.
13h00
Banda Carango (Samba de Gafieira)
Rosa Rosah
13h30
Saúde Sexual e Diversidade Sexual
Prof. Dr. Hugues Ribeiro
CEPCoS
14h00
Banda Carango (Samba de Gafieira)
Rosa Rosah
14h30
Saúde Sexual e Saúde Reprodutiva
Psic. Esp. Paulo Tessarioli & Prof. Ms. Graça Tessarioli
CEPCoS
15h00
Lydia Venturelli & Banda (MPB e Bossa)
Lydia Venturelli
15h30
DSTs
Psic. Esp. Ralmer RigolettoCEPCoS
16h00
Lydia Venturelli & Banda (MPB e Bossa)
Lydia Venturelli
16h30
Dia Mundial da Saúde Sexual
Saúde Sexual para todos
Encerramento
Psic. Esp. Ralmer Rigoletto CEPCoS

 

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Fetiches e Parafilias Estranhas


Retomando o post dos fetiches hoje vamos falar de alguns fetiches e parafilias que causam um certo estranhamento. Alguns podem estar associados à práticas sexuais que envolvem o sadismo ou masoquismo (sobre estes falaremos num outro post, pois são considerados prazeres agressivos) e não apenas estranhos. Esses fetiches em geral podem estar associados ou não há uma parafilia ou desvio sexual.
Podolatria – para os denonimados podólatras o desejo está concentrado nos pés do parceiro. Quando a excitação se dá exclusivamente no ato sexual que envolva o toque, cheiro, lamber, ver ou a massagem nos pés de outra pessoa, pode ser considerado uma parafilia, porém, quando o culto aos pés é apenas um dos fatores de excitação que ocorre nas preliminares, considera-se apenas como um fetiche.   Assim algumas pessoas sentem excitação por seios ou nádegas, nesse caso os pés são o objeto erótico, onde a manipulação das suas genitálias com os pés do parceiro provocam extremo prazer podendo inclusive levá-los à ejaculação ou orgasmo.  
Coprofilia  é uma prática sexual considerada uma parafilia, ligada ao sadomasoquismo, onde os grupos costumam se identificar através de um código, usando lenço bege ou marrom. São pessoas que se excitam através de estímulos olfativos, visuais com fezes, ou seja, o cheiro, visualização e até manipulação das fezes provocam prazer durante o ato sexual. Alguns defecam nos parcerios ou gostam que os pareceiros defequem neles, até mesmo durante a prática do sexo anal, brincam com as fezes, usam duchas para evacuar e manipular manualmente as fezes, podendo inclusive, chegar à Coprofagia, copro que em latim significa "fezes" e fagia "ingestão" sendo assim: prática de ingestão de fezes, ou seja alguns chegam a comer as fezes ou obrigam seus parceiros a ingeri-las (coprofagia).
Urofilia caracteriza-se pelo prazer provocado por práticas que envolvam o contato com a urina.  Os denominados urófilos gostam de urinar no corpo do outro e que urinem no corpo deles seja no rosto, boca, etc. Acredita-se que uma das causas dessa parafilia tenha origem na infância onde a criança era proibida  de manipular suas genitálias, e no ato de urinar isso era possível, especialmente para o menino esse momento era  quando podiam tocar seu pênis. Há aqueles gostam de freqüentar banheiros para sentir esse cheiro. Alguns homens possuem o hormônio androsterona na urina o que causa excitação em mulheres. Assim como as mulheres como já apontamos no post dos feromônios secretam estes na vagina e na urina o que provoca o instinto sexual masculino. Nesse caso urinar ou ser urinado pode representar uma prática prazerosa compensatória, punitiva ou humilhante.
Punhada ou Fist fucking, insere-se dentro da prática do sadomasoquismo e caracteriza-se pela inserção da mão, pulso e algumas vezes parte do antebraço no ânus ou na vagina.  A prática se dá tanto por casais heterossexuais como por gays, onde em alguns casos ocorre a inversão de papéis, ou seja, ambos são punhados, é também considerada uma parafilia.
Stonebutch - ocorre entre lésbicas, quando uma das parceiras não permite ser tocada durante a relação sexual. São pessoas altruístas no que se refere à atenção dada ao prazer da sua parceira. Ou seja, o foco do seu prazer está no outro.
 Froterismo ou oufrottage - São pessoas que obtém prazer no ato de esfregar o corpo contra outro ou em objetos, especialmente o pênis, nádegas e a vagina.
 Bondage é uma prática oriental, onde o prazer está especialmente ligado à imobilização de um dos parceiros, seja braços, pernas ou  imobilizar o outro completamente com cordas, panos, fitas adesivas, etc... quando não é apenas uma simulação que não o sofrimento da vítima pode ser associada ao fetichismo, mas se houver dor e sofrimento considera-se uma parafilia.
 Pigmalionismo são pessoas que se sentem atraídas sexualmente por estátuas e manequins. A etimologia da palavra está ligada ao mito grego do escultor Pigmalião, que teria se apaixonado por uma de suas estátuas, à qual a Deusa Afrodite teria concedido a vida através do seu pedido. Historicamente é possível verificar que estátuas com falos, onde as virgens usavam para praticar sua primeira penetração.
Cottaging refere-se uma prática em geral mais ligada aos homossexuais, sua maioria masculinos, embora haja casos da prática entre lésbicas, que sentem prazer em praticar sexo anônimo em locais públicos, a etimologia da palavra  se dá na Inglaterra, onde  a construção dos banheiros públicos em parques são semelhantes à pequenas casas com o telhado inclinado, daí a denominação cottage, que significa cabana. É uma prática ilegal em diversos países, portanto se uma pessoa for flagrada praticando sexo em locais públicos pode ser autuada, presa e responder a um processo criminal.   Cabe aqui, recordar o caso do cantor inglês George Michael, que no ano de 1998, foi preso por praticar cottaging, em um banheiro na cidade de Los Angeles.
Num próximo post vamos abordar alguns prazeres considerados agressivos e, que em alguns casos são associados ao fetichismo. Posteriormente ainda abordarmos os prazeres que são criminosos e devem ser combatidos na sociedade.
Importante dizer que, pessoas que sentem prazeres que são considerados parafilias devem procurar uma ajuda psicoterápica.
Abraços e até lá!
 Referência:
LINS, Regina Navarro e BRAGA, Flávio. O Livro de Ouro do Sexo. Rio de Janeiro: Ediouro, 2005.

sábado, 21 de agosto de 2010

MEC envia a escolas públicas livro que narra estupro



No post de hoje vou reproduzir e comentar uma matéria publicada na Folha de São Paulo e reproduzida em diversos outros meios de comunicação
"O Ministério da Educação enviou a escolas públicas do país um livro que narra o sequestro de um casal, o estupro da mulher e o assassinato do rapaz, segundo reportagem de Fábio Takahashi publicada na edição desta quinta-feira da Folha.
De acordo com o texto, 11 mil exemplares da obra foram destinados para serem usados como material de apoio a alunos do ensino médio, com idade a partir de 15 anos. O livro \"Teresa, que Esperava as Uvas\", integra o programa do governo federal que equipa bibliotecas dos colégios públicos.
As cenas de violência estão presentes no conto \"Os Primeiros que Chegaram\", que narra, do ponto de vista da criminosa, um sequestro cometido por um casal. As vítimas são torturadas. Há frases como \"arriou as calças dela, levantou a blusa e comeu ela duas vezes\" e \"[Zonha, o criminoso] deu um tiro no olho dele. [...] Ele ficou lá meio pendurado, com um furo na cabeça.\"
O governo Lula, a autora da obra e a editora defendem a escolha, por possibilitar que o jovem reflita sobre a violência cotidiana. A escolha das obras é feita por comissões de professores de universidades públicas. \"O livro passou por uma avaliação baseada em critérios, concorreu com muitas outras obras e foi selecionado\", afirmou a escritora do conto, Monique Revillion."
Como Educadora Sexual, Doutora em Educação e Pesquisadora da sexualidade, tendo como tema central de minha tese a sexualidade humana, considero que, embora a linguagem utilizada pela autora se aproxime da realidade, tendo como objetivo a reflexão, usar a linguagem senso comum, pode contribuir para consolidar a linguagem banal, reducionista e vulgar que impera sobre a sexualidade na sociedade atual. A frase em negrito acima, mesmo sem intenção, pode reforçar ao nosso ver, uma visão genitalista e instintiva da sexualidade.



quinta-feira, 19 de agosto de 2010

19 de agosto dia do Orgulho Lésbico no Brasil

Para que fique registrado, hoje é considerado o dia do Orgulho Lésbico no Brasil, data em que no dia 19 de agosto de 1983, ainda em período de ditadura militar ocorreu a primeira manifestação lésbica contra o preconceito e a discriminação em São Paulo, no Brasil, que deu origem ao dia do orgulho lésbico.
Abaixo vídeo que registra e relata sobre a manifestação histórica.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Amor Líquido


O post de hoje é para indicar nossa mais recente leitura, o livro “AMOR LÍQUIDO– SOBRE A FRAGILIDADE DOS LAÇOS HUMANOS”, de ZIGMUNT BAUMAN.

O autor consegue, ao nosso ver, fazer um leitura realista dos relacionamentos modernos e pós-modernos, num mundo que ele identifica como líquido, em que as relações se estabelecem e se findam com extraordinária fluidez, marcadas pela ausência de comprometimento com o outro, onde as pessoas gostam de estar juntas apenas para sentir prazer, e como o prazer é momentâneo, em pouco tempo as relações são trocadas por outras. Aponta também, que há aqueles que vivem um relacionamento estável, mas sem excluir a possibilidade de viver conjuntamente outros relacionamentos. Que convivem juntos, mas abrem possibilidades de outros relacionamentos e há aqueles que não dividem o mesmo espaço, porque acreditam que precisam preservar sua liberdade, evitando a rotina e os conflitos da vida a dois, sem perceber que isto pode se configurar em uma relação que seja mais fácil romper, cada um já está no seu próprio espaço, ou seja, não tem o mesmo nível de comprometimento de um relacionamento de convivência comum. O autor coloca que viver desta forma é como procurar um abrigo sem vontade de ocupá-lo por inteiro.

Bauman ainda analisa a busca virtual de relacionamentos, mostrando que a virtualidade tem ganhado mais espaço que encontros concretos, e aponta que com o crescimento das redes virtuais, a intimidade pode sempre escapar do risco de um comprometimento, e de um envolvimento real que a possibilidade de estar sempre disponível para outras aventuras. Bauman mostra que na sociedade de hoje há um propensão maior à vivência de relacionamentos descartáveis, que ilusoriamente encenam episódios românticos e líquidos, flexíveis.

Bauman aponta ainda que, na era do individualismo e do consumismo, estamos mais bem aparelhados para disfarçar um medo antigo da solidão, entre celulares e notbooks, vivemos uma solidão ilusoriamente acompanhada, que teme: o amor por outra pessoa e comprometimento.

Ainda retrata duas contradições centrais: de um lado a “vontade de ser livre” inerente à constante busca pela individualização, e de outro constante a busca por alguém ideal, como se existisse uma pessoa perfeita. Mas a pessoa perfeita não existe, existe a pessoa certa. Capaz de nos compreender, respeitar e amar. Mas, nessa busca do ideal, que ao mesmo tempo quer sua liberdade, a velocidade com que as pessoas são trocadas por outras é quase inacreditável. Na sociedade pragmática e utilitarista as coisas e relações não mais são feitas para durar. Se a relação não está boa, parte-se para outra, isso quando de fato se consolida um relacionamento, pois muitas vezes, a busca começa e termina em uma única relação sexual.

Bauman afirma, que nunca houve tanta procura para relacionar-se com alguém, mas as relações são frágeis, começam e terminam na mesma velocidade. Pois, na sociedade consumista globalizada há sempre novos “produtos”, mais modernos, atraentes e estimulantes para serem consumidos. Assim, Bauman trata das conseqüências provocadas por uma sociedade que sustenta a busca pela individualização, pela liberdade em detrimento da vida afetiva estável.

Considera ainda que, mesmo as relações afetivas são muito ambivalentes; todos querem a segurança de um amor eterno, mas desejam também voar e ter o pássaro que voa enquanto mantém o outro seguro nas mãos. A insatisfação afetiva ou sexual, muitas vezes levam os parceiros à buscar outras experiências e relações, consentidas inclusive. Algumas vezes acreditando que isto pode inclusive, salvar ou melhorar seus relacionamentos conjugais. Ou seja, são relações frágeis e flexíveis, advindas segundo Bauman, especialmente da racionalidade da sociedade moderna e globalizada.

Enfim, em nossa análise, consideramos que o livro nos leva a refletir sobre relações descartáveis, sem vínculo seguindo a lógica do consumismo. Numa sociedade onde a maioria das pessoas estão “disponíveis”, acredita-se que o que importante a quantidade e não a qualidade de relações. Disputam-se quantas pessoas beijaram em uma noite, quantos parceiros sexuais conseguem em um dia, ou em uma semana, o outro é visto como um produto/objeto disponível para consumo. E geralmente as pessoas amanhecem o dia em suas camas, casas, e solidões vazias. Alguns sentem-se culpados por ter sido usados, outros já descartam a memória, e seguem como se nada tivesse acontecido, afinal em suas perpeções e sensações vazias, nada aconteceu mesmo, pois o que não tem significado, nem afeto, nada representa de fato. E seguem, na busca insaciável...

Vale a pena, ler e refletir!

Eu jurei que ia escrever um post pequeno, mas para variar eu sempre necessito ir além e aprofundar, característica de gente intensa.

Abraços e até nosso próximo post!



sábado, 14 de agosto de 2010

O que é um Devotee?

Voltando aos posts dos fetiches, como prometido, a um de meus leitores, hoje vamos falar brevemente sobre fetiches que envolvem pessoas portadoras de necessidades especiais físicas (PNEs).
Denominados de Devotees, que podem ser pessoas heterossexuais, homossexuais ou bissexuais que se sentem atraídas  por  pessoas portadoras de necessidades especiais físicas, exercendo ou não essa atração. Embora em alguns casos, os devotees não  tem relações sexuais com os PNEs por diversos motivos, como no caso de ser um devotee cuidador,  que apenas cuida da pessoa PNE, sem no entanto, vivenciar essa devoção no âmbito sexual. Porém, não é esta vertente que vamos abordar aqui.
Existem também os denominados Pretenders, que são pessoas heterossexuais, homossexuais ou bissexuais que sentem prazer em ter contato com os aparatos dos PNEs físicas como: cadeira de rodas, muletas, próteses, órteses ou até mesmo a imobilidade e impossibilidade do PNEs. Pretenders buscam o prazer fingindo ser um PNE utilizando desses aparatos ou se imobilizando se sentindo preterido por seus aparatos.
Tem ainda, os chamados Wannabes, que são pessoas que chegam de fato a tentar uma auto mutilação e desejando ser amputados e muitos provocam essas amputações de fato. Existe nesses comportamentos uma inadequação com o corpo subjetivo e o corpo objetivo. São quase exclusivamente pertencentes ao sexo masculino e sentem aversão pelos membros inferiores.
 Importante esclarecer que não pretendemos aqui, fazer nenhum juízo de valor a respeito do tema, mas tão somente informar sobre o assunto que ainda é pouco divulgado e acreditamos que, num primeiro momento, parece difícil de acreditar,  causando perplexidade tanto às pessoas PNEs, quanto em todas as pessoas.
 Pesquisas já realizadas no Brasil, apontam que geralmente a descoberta dos sentimentos e desejos dos Devotees em relação às pessoas PNEs físicas, geralmente, ocorrem na infância e adolescência, porém essa descoberta, quase sempre, se dá acompanhada de angústia, culpa, vergonha  e medo causados pelo isolamento decorrente do  segredo que escondem. E  colocam que nem todos os Devottes são iguais, porém esse fetiche em muitos casos são patológicos, quando o Devotee na  ânsia de realizar suas fantasias sexuais, não medem a conseqüências de seus atos e  palavras e podendo causar danos emocionais em pessoas PNEs.
 Ainda é possível verificar pelas pesquisas realizadas no Brasil que algumas pessoas PNEs por conta do preconceito e exclusão social, não tiveram muitas oportunidades de exercer a sua sexualidade, aceitam o assédio do Devottes, enquanto outras acreditam que permitir relacionar-se com um Devotee significaria sujeitar-se à um abuso sexual.
 Acreditamos que o importante é que as pessoas PNEs  observem atentamente a forma de olhar das pessoas que se aproximam. Mas que também, não criem um visão equivocada e passem a achar que todos que se aproximarem delas sejam Devotees. Pois, toda regra, tem sua exceção. E afinal não somos amados pela nossa condição, e sim pelo que trazemos de belo dentro de cada um de nós. E sabemos que as pessoas PNEs são especialmente belas, subjetivamente preciosas e extremamente sensíveis, transbordando amor.
Esperamos ter conseguido esclarecer um pouco sobre esse fetiche que pode ser ou não patológico, dependendo da sua intensidade.
 Até nosso próximo post, onde continuaremos esclarecer sobre outros fetiches.
Abraços a todos os meus leitores!

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