terça-feira, 22 de junho de 2010

E no país da copa de 2010... vamos falar de sexualidade.


Em meio há um evento de milhões de dólares: o caos social, fome, miséria, violência e o maior índice de casos de Aids do mundo. No centro das atenções midiáticas  uma “festa grandiosa “: a copa do mundo; e nos entornos, pessoas morrem por falta de necessidades básicas. Enquanto, os olhos de todos se voltam para os ditos “heróis “ da bola, os heróis anônimos africanos morrem por falta de educação, alimentação, informação, do descaso dos governantes e do mundo. Em meio de uma cultura sexual machista, apontam-se os dados da Organização das Nações Unidas (ONU), que a cada 8 segundos uma pessoa contrai Aids e isso continua se alastrando especialmente na África subsaariana, a região mais atingida pela doença no mundo.
Em 2006, cerca de 76% das mortes na África subsaariana, região que compreende todos os 42 países do continente que estão abaixo da região do deserto do Saara foram decorrentes da AIDS. 2/3 das pessoas com AIDS no mundo vivem nesta região.
O índice mais agravante está entre as mulheres que são mais suscetíveis riscos do vírus HIV, são 14 mulheres contaminadas com o vírus para cada dez homens na África.
            Estima-se o número de pessoas com o vírus seja em torno de 39,5 milhões, e pior a maioria deles sequer sabe que estão infectados, segundo dados da Unaids, agência da ONU encarregada de gerenciar o combate à doença.
A África do Sul apresenta índices absurdos de violência sexual, motivo pelo qual,  Sonette Ehlers, em 2005, inventou uma espécie de arma contra estupro: a camisinha feminina antiestupro chamada Rape-aXe, que só agora de fato, vem sendo distribuída em maior número. A camisinha é possui farpas na parte interna e, depois que ela morde, só solta com ajuda médica, se tentar remover a camisinha sozinho, os ganchos penetram ainda mais fundo na pele. Além da dor da perfuração do pênis, ajudaria a identificar e punir os estupradores. Sonette é sul-africana e trabalha com vítimas de violência há muito tempo e idealizou isso após ouvir uma vítima dizer: “bem que eu queria ter dentes lá embaixo”.  Mais de  30 mil camisinha feminina antiestupro estão sendo distribuída na África do Sul, em meio à Copa do Mundo.
            Na África a cultura sexual é machista, as mulheres sofrem violências sexuais e morais de toda espécie. Vive-se a poligamia, casamentos múltiplos fazem parte da cultura Zulu e são permitidos na África do Sul. Na tribo dos Zulus o rei poderia ter até cem esposas. Zuma, um tradicionalista Zulu, já foi casado cinco vezes, mas atualmente tem apenas três mulheres. Ele tem 20 filhos. Ou seja, um sistema machista, repressor da mulher, a mulher como objeto, sem direitos, sem liberdade. A sexualidade se apresentando como um atestado da virilidade do homem. Um dos motivos inclusive de eles não usarem preservativo, o número de filhos atestaria sua masculinidade, um absurdo, por isso precisamos conhecer outras culturas, e ver que o mundo, ainda tem muito que evoluir. Há seres humanos que ainda são de fato tratamos com humanos, vivem uma sexualidade meramente reprodutiva.  Penso que independente da cultura local deveria acima de tudo serem respeitados os DIREITOS HUMANOS, ou seja todo abuso seja físico ou moral, independente da sociedade deveria ser abolido. Inclusive os direitos sexuais.
Claro, devemos explicitar que, isto, faz parte da cultura do povo africano, e que temos que de alguma forma respeitar, mas isso não significa que não podemos nos indignar. . Eu declaro minha indignação! Não pela cultura no todo, nem apenas pelo aspecto da poligamia, desde que isso fosse democrático, aceito conscientemente por ambas as partes e com direitos sexuais de iguais para ambos os gêneros. Outros costumes são culturalmente aceitos, sabemos que cada sociedade tem suas tradições como por exemplo, a nudez entre os Zulus, da África do Sul, é uma manifestação de moralidade, já em outras sociedades ficar nus em público ou em alguma situação social significa  falta de decoro e se configura como um afrontamento moral indecoroso passível de punição, um ato licencioso obsceno, mas que pode ao mesmo ser aclamado como um show artístico num rito de strip-tease. Por mais absurdo que seja parece um comportamento sexual, precisamos ser cuidadosos na sua interpretação devido à cultura ou por outras conveniências que se elegem como verdadeiras. É preciso eximir de opiniões parciais sustentadas pela simples indignação ou idealização de perfeição     Um dado gravíssimo é que em todo mundo cerca de 40% das novas contaminações ocorrem entre pessoas da faixa etária de 15 e 24 anos.
            O estudo da Unaids afirma que “O futuro da epidemia de Aids no mundo depende muito dos padrões de comportamento que os mais jovens adotarão e os fatores que influenciarão essas escolhas”, diz o estudo. Ou seja, vem de encontro a nossa luta pela necessidade de uma educação sexual que realmente busca a conscientização crítica e emancipatória, não basta distribuir preservativo se os jovens e as pessoas de maneira geral não compreenderem a necessidade da prevenção e não a gravidade desde dados.
            O diretor-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), Anders Nordström, afirmou que é imprescindível “aumentar o investimento em prevenção e tratamento para reduzir o número de mortes”. Claro que nesse momento teremos que remediar e continuar a distribuição de preservativos. Mas eu perguntaria primeiro que tipo de prevenção? Esta a que estamos lamentavelmente assistindo em todo mundo? Apenas focada no aspecto da da distribuição de camisinhas?  E AFIRMO: nós precisamos também disso, mas só isso, nunca deu conta de educar ninguém, aliás os índices nos mostram isso. Não basta distribuir preservativo, nem colocar propaganda para o uso deles na televisão, nem só fazer palestrar ensinando como usá-los, e só falar de doenças e do lado negativo da sexualidade. Eu já afirmei isso na tese e repito. Não basta PREVENÇÃO sem EDUCAÇÃO! O foco da saúde é extremamente importante, mas não é suficiente! Precisamos de uma política pública para a sexualidade, que desenvolva um programa contínuo de educação sexual crítica, que forme consciência e valores éticos, que leve a compreensão da vivência da sexualidade em sua totalidade, que aborde a construção histórica, política, social e cultural da sexualidade humana, para que possamos compreendê-la e vivê-la de maneira qualitativa, saudável, prazerosa e emancipatória.
 Não temos que suportar o que é insuportável, nem aceitar o que é inadimissível, nada pode ser mais importante que a valorização da vida!
Importante dizer que, a inspiração para escrever este post nasceu, após acompanharmos o programa Affair com Você, desta última segunda-feira, apresentando pelos meus amigos Graça e Paulo Tessarioli, na Alltv, cujo tema ontem foi Mães da Pátria.

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