domingo, 11 de outubro de 2009

A PARTIR DE QUE IDADE DEVEMOS FALAR DE SEXUALIDADE?

Somos seres sexuados desde que nascemos, portanto a sexualidade e inerente ao nosso ser. Freud mostra como a sexualidade se desenvolve desde os primeiros anos de vida. Daí a necessidade de abordar individualmente desde a infância, mas a partir da curiosidade de cada criança e necessidades de cada fase. Na escola, acreditamos que esse assunto deve ser abordado coletivamente, a partir do 5o. ano do Ensino Fundamental, ou seja, entre 9 e 10 anos, quando a menina inicia sua menstruação e o menino aflora seus desejos.

Pela nossa prática como educadora sabemos que a atividade sexual no Brasil tem iniciado cada vez mais cedo, o que se constata atraves de pesquisas como a inclusão, no ano de 2000, no Censo IBGE incluiu, pela primeira vez, da faixa etária de 10 a 14 anos nas suas estatísticas de fecundidade, o que torna claro que muitas crianças estão exercendo sua sexualidade de forma inadequada, consequência da falta de informação e até da violência e abuso sexual. Sabe-se que entre 1993 e 1999 houve aumento de aproximadamente 30% do número de partos feitos no SUS em adolescentes mais jovens, entre 10 a 14 anos.

Consideramos equivocada a ideia de que falar de sexualidade induziria a uma sexualidade precoce, acreditamos que o fato da sexualidade ser um assunto velado, oculto contribui aindamais para desperte essa curiosidade. No entanto, a abordagem deve feita tem que ser de maneira natural e crítica, sempre utlizando a linguagem e abordagem coerente a cada fase.

Muitos pais ao serem questionados pelas crianças sobre sexo ficam alarmados, consideram um absurdo que uma criança ou mesmo que um adolescente queria falar sobre este assunto, que não possuem idade ainda para isso, como se as crianças e adolescentes fossem assexuados. Claro que, pais e educadores muitas vezes preferem ocultar, ignorar, esconder, fingir que não viram ou ouviram algo relacionado à sexualidade de seus filhos ou alunos, porque eles próprios pela Educação Sexual que tiveram, na maioria das vezses, repressiva, dogmatica e cheia de tabus, medos e culpas, não conseguiram ou se permitiram compreender e conhecer as potencialidades e possibilidades de sua própria sexualidade. Por isso, escondem, sentem vergonha ou evitam ao máximo tocar no assunto. Mas devemos lembrar, que não falar sobre um assunto significa de certa forma posicionar-se sobre ele, pois o silêncio consolida e perpetua a visao dominante.

Aos Pais eu diria: se você nao comecou a falar de sexualidade com seu filho, lembre-se a sexualidade está na mídia, a internet está ai aberta, cheia de informações muitas desinsformações, a televisao fala, mostra, induz, incita e geralmente de forma negativa, genitalista e quantitativa, e enquanto voce se nega a falar com seu filho sobre isso, a televisao continua falando e seu filho assim vai construindo sua identidade e sua vivência sexual pautando-se "modelos" da mídia. Portanto, acreditamos que quanto mais cedo se tiver uma Educaçao Sexual bem informada abrimos mais possibilidades de uma sexualidade adulta bem informada, consciente, com responsabilade afetiva e ética, plena, livre de dogmas, preconceitos e tabus.
A Educação Sexual que queremos pauta-se numa abordagem que entenda a sexualidade de maneira saudável, prazerosa, bonita, natural e essencial em nossa vida. E que busque fornecer ao ser humano as ferramentas necessárias para que possam conhecer seu proprio corpo, o corpo do outro e compreender sua sexualidade para que possa por si mesmo ser capaz de realizar escolhas afetivo-sexuais.

Eu diria que tão importante quanto o aprendizado da leitura e da escrita do mundo, é saber ler a si mesmo e escrever sua historia, conhecer o seu corpo, suas possibilidade e potencialidades, assim como adquirimos conhecimentos para transformar o mundo num lugar melhor, devemos conhecer nossa sexualidade para tornamos melhor o nosso mundo interno, o nosso corpo e nossa mente, que são o berço das significaçoes da vida. Por isso, nossa defesa de que a Educação Sexual escolar supere sua abordagem sobre sexualidade pautada meramente nas nocoes biológicas, ou seja, no aprendizado do corpo humano, seus órgãos e funções, pois esta visão reducionista e genitalista da sexualidade apenas consolida a visão da sexualidade mercantilista que reduz o corpo a um objeto, um produto, desumanizando as relações afetivo-sexuais. Como já dissemos em outras oportunidades, repetimos que os conhecimentos biológicos também são necessários e importantes, mas não suficientes para a compreensão da totalidade do sexualidade, sendo assim a Educação Sexual escolar, precisa, além da vertente corporal e de saúde preventiva, contribuir à formação de valores éticos e estéticos e para a crítica da forma banal, mercantilista e quantitativa que a sexualidade tem sido vivida nos dias de hoje.

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